Citibank Hall, Barra, RJ 11/09/11
Por: Mick Michael
O título da resenha resume em poucas palavras o que aconteceu no domingo do dia 11 de setembro de 2011. Revivendo a parceria realizada em 2005, Whitesnake e Judas Priest estavam de volta ao Rio de Janeiro para presentear os fãs cariocas com mais uma noite memorável. Mais uma vez o lugar escolhido para esta linda celebração ao Hard e Heavy Metal foi o ótimo Citibank Hall, localizado na distante e isolada Barra da Tijuca. Exatamente uma semana depois de presenciarmos uma grande apresentação do Blind Guardian, na Fundição Progresso, no Centro do Rio, estávamos mais uma vez encarando outra fila, além das adversidades do tempo, que cismou em fazer cair uma chuvinha chata, daquelas que molha, mas não vem de vez. De fato é uma luta assistir a um show de alguma das suas bandas favoritas, mas na hora que você vê seus ídolos no palco, não tem jeito, todos os perrengues das horas antes da festa ficam pra trás. E não foi diferente dessa vez, apesar de que o maior aperto ainda viria depois do show, com uma madrugada torturante no frio, mas aí é outra história...
A abertura da casa pode ter ultrapassado a hora marcada no ingresso (apesar de ter sido apenas 10 minutos de atraso), mas a pontualidade britânica se fez presente e o Whitesnake iniciou sua apresentação exatamente às 21:30, surpreendendo o público carioca, já acostumado com atrasos em grandes shows. Utilizando uma produção mínima, que contava apenas com um pano de fundo com o logo da banda, além de terem usado apenas a metade do palco, que já tinha o cenário do Judas montando na parte de trás, a lenda do Hard Rock subiu ao palco de forma discreta, tendo a frente seu líder inigualável David Coverdale (vocal), mantendo toda sua postura de rockstar, cheia de poses, caras e bocas, além de um visual tipicamente Hard. Além de Coverdale, a banda também conta com os excelentes guitarristas Doug Aldrich e Reb Beach, Michael Devin no baixo e o ótimo baterista Brian Tichy, todos bem competentes e performáticos. Depois de cumprimentar os poucos mais de 6 mil fãs presentes, iniciam o show com Best Years, do álbum Good to be Bad, de 2008, trabalho que marcou a retomada de David, que a tempos vinha num para-mas-não-morre com o Whitesnake. A recepção do público ainda foi contida, mas na sequência veio Give Me All Your Love, que animou mais a galera. Porém foi com as duas musicas seguintes que o Whitesnake elevou o êxtase de seus admiradores. Love No Ain’t no Stranger colocou o Citibank para agitar e Is This Love, maior sucesso comercial da banda, embalou o lugar num belo clima romântico. Vale lembrar que esse lance de acender os isqueiros já passou e a onda agora é iluminar o local com as luzes das câmeras e celulares!
Depois dos clássicos oitentistas era hora de mostrar as canções do novo trabalho, Forevermore, de 2010, que foi representado com Steal Your Heart Away e a faixa-título, que traz uma bela introdução em voz e violão, para depois entrar um ritmo mais candeciado. Algo que jamais fica de fora num show do Whitesnake são os solos individuais. Eles podem até deixar um clássico de fora, mas os solos de guitarra irão rolar, pode ter certeza! Para começar essa seção, que sinceramente dispenso nos shows, Doug e Reb fizeram um duelo de solos de guitarras, com cada um demonstrando um pouco de sua habilidade. Não foi tão chato, mas preferiria ouvir algum som antigo da banda. Depois o restante do grupo retornou ao palco para tocar a também recente Love Will Set your Free, e então foi a vez de Brian Tichy executar um espetacular solo de bateria, que de fato agradou o pessoal. Brian, que já vinha roubando a cena durante as músicas, fez voar baquetas para todo o lado e ainda arregaçou a bateria com as mãos! Mas também sejamos claros, para assumir o posto que já teve nomes como Tommy Aldridge e Cozy Powell, tem que ser fera mesmo. A volta trinfual com os hinos Here I Go Again e Still of the Night foi de arrepiar, com o público agitando de vez! Para tornar a noite ainda mais especial, David fez um cover de sí mesmo (!) ao cantar à capela Soldier of Fortune, e depois fecharam o show com uma fantástica execução de Burn, ambas do Deep Purple, grupo do qual o vocalista fez parte no fim dos anos 70.
Diante de uma contagiante animação dos fãs, o Whitesnake deixou o palco sob calorosos aplausos do público, inclusive de alguns fãs do Judas que haviam dito antes do inicio do show que a apresentação da banda de Coverdale era dispensável. Apesar de estar parecendo aquela nossa tia que ainda se acha gostosa, David continua cheio de charme e bem, apesar de ter mudado um pouco a maneira de cantar. Mas ele manteve a voz grave tradicional. Senti a falta de alguns clássicos obrigatórios, como Fool For Your Loving, Guilty Of Love e Standing In The Shadow, que poderiam ter entrado no lugar dos solos de guitarra, mas... Tudo bem, o show foi muito bom.