segunda-feira, 4 de abril de 2011

1° dia – A marca da incompetência e falta de respeito

Iron Maiden

(HSBC Arena, Barra, RJ, 27/03/11)

Por: Mick Michael

1° dia – A marca da incompetência e falta de respeito.

Graças ao carinho e todo o respeito que sempre ganhou em suas passagens pelo Rio de Janeiro, é claro que o Iron Maiden não iria deixar de incluir a cidade maravilhosa mais uma vez na rota de outra turnê. Desde aquele sensacional Rock in Rio I, há mais de 25 anos atrás, é a 7ª vez que os fãs cariocas têm a chance de ver a Donzela de Aço ao vivo (as outras oportunidades foram nos anos de 1992, 1999, 2001, no Rock in Rio III, diante do maior público de sua história, 2004 e 2009). Desta vez, a banda inglesa, que mantém a mesma formação desde o ano 2000, com Bruce Dickinson no vocal, Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers nas guitarras, Nicko McBrian na bateria e o líder e principal mentor do grupo, Steve Harris no baixo, apresenta a turnê de seu novo e já aclamado álbum de estúdio, The Final Frontier, lançado no ano passado. Como de costume, o sexteto prometeu mais um grande show para seus admiradores do Rio, com todos os efeitos pirotécnicos habituais, um novo cenário de palco e os velhos hinos de sempre alinhados a canções do novo registro, que já ganhou discos de ouro e platina, alcançando fácil o 2° lugar na Bilboard. Nada mal para uma banda com mais de 30 anos de carreia e com uma discografia invejável, repleta de grandes registros que entraram para a história do Heavy Metal.

Bem, é hora de falar sobre o show em si, que deveria ser realizado no dia 27 de março, mas que infelizmente não pôde ser concluído. Ainda assim, irei relatar o que passamos naquele fatídico dia de domingo...

Meu irmão Dan Frehley (ou DannyFire, como é no blog) e eu chegamos ao local ainda cedo, por volta das 15:30 (segundo constava no ingresso, os portões iriam abrir às 18:30, e o show, aparentemente sem banda de abertura, começaria às 20:30), mas mesmo chegando com 5 horas de antecedência (uau!), encontramos centenas de fãs pelo lugar, já em fila esperando a abertura dos portões. Logo a área que estava destinada para o público aguardar a entrada na Arena havia ficado completamente cheio, com pessoas de todo o tipo: crianças, jovens, adultos, mulheres, casais e famílias. Mas a grande maioria com algo muito em comum, a camisa do Iron Maiden! Muitos iam além e também traziam consigo bandeiras, faixas e outros acessórios ligados à imagem da banda, ou do querido mascote Eddie.

Já havia passado das 18:30 e os portões ainda não havia sido abertos. Era a hora de começar uma série de equívocos proporcionados pela equipe de produção da Arena HSCB. Só meia hora depois os portões foram abertos, mas ainda houve certo tumulto devido a falta de informações, truculência de seguranças e outra inacreditável demora para liberar as catracas para a galera de fato entrar no interior da Arena. O relógio já marcava 19:30 e muitos fãs ainda estavam lá fora, sofrendo com a falta de respeito daqueles desgraçados que não sabem organizar um grande evento. E olha que realmente iria haver uma banda de abertura! A árdua tarefa ficou por conta da competente banda santista Shadowside, que pratica um Heavy Metal com toques góticos e muita melodia. Elementos que já se tornaram cansativos depois do surgimento de conjuntos como Nightwish e Epica. Mas o grupo se saiu bem, apesar dos “maiden maníacos” não estarem ali para curtir aquele tipo de som. O Shadowside fez um set curtíssimo, apresentando faixas do ultimo trabalho, Daren To Dream, e outras do 1° álbum. O grande destaque acabou ficando por conta da linda e talentosa vocalista do conjunto, Dani Nolden, que chamou a atenção dos marmanjos mais por causa de suas boas formas do que pelo desempenho vocal.

Às 21:00 horas, o Shadowside já havia terminado seu show a quase uma hora e praticamente todos os fãs já haviam entrado na Arena. Ficava o ar de ansiedade já que a banda poderia iniciar sua festa a qualquer momento. Um público de mais de 10 mil pessoas (segundo os organizadores, havia 13 mil pessoas) aguardavam o momento em que a música Doctor Doctor, da banda UFO (a preferida do líder Steve Harris) iria soar nas caixas de som. Há alguns anos ela tem sido uma espécie de anúncio do começo do show, sendo tocada momentos antes de a banda entrar no palco. E não foi diferente. Às 21:15, Doctor Doctor começou tocar nas caixas de som (interrompendo Rock and Roll all Nite, do Kiss, que havia empolgado mais do que a banda de abertura), e logo assim que terminou, todas a luzes do lugar se apagaram, sacudindo a galera que reiniciou os gritos de “Maiden! Maiden!” (Isso foi gritado o tempo todo, inclusive lá fora na fila!). Os roadies tiraram uma lona preta que cobria o cenário do palco e de imediato começou a introdução Satellite 15... que alinhava o som tribal da música, com imagens de um vídeo-clip, no estilo do filme Alien, o 8° Passageiro, transmitidos de dois telões nas laterais do palco. Ao fundo do belo cenário futurista, que misturavam elementos de uma área de testes espaciais com um planeta abandonado, centenas de luzes brilhavam, dando a impressão de estarmos olhando para o céu. Algo muito bonito e bem feito. A longa e enjoada introdução prosseguiu, até que tudo se apagou e de repente surgiu Bruce Dickinson segurando o pedestal. As luzes se acenderam e toda a banda entrou em cena já mandando a nova The Final Frontier. O público foi à loucura, agitando freneticamente! Todo o empurra-empurra acabou causando a quebra da grade que separava o pessoal da pista do palco. Isso ainda no 1° refrão! Apesar de alguns fãs ameaçarem subir no palco para tentar encostar em seus ídolos, os músicos continuaram a executar a canção, exceto Bruce Dickinson, que parou de cantar, demonstrando uma cara de preocupação com a situação. Enquanto Steve, Adrian, Dave e Nicko pareciam não se importar com o problema, principalmente Steve que agitava e andava de um lado para o outro, Bruce e Janick estavam visivelmente insatisfeitos com o incidente e acenavam para o público chegar pra trás, para que os seguranças tentassem concertar a barreira. Ao fim da canção, Bruce alertou ao resto do público sobre o incidente (eu mesmo não havia entendido por que ele não tinha cantado a música) e avisou que ele e seus companheiros iriam retornar ao backstage, mas voltariam ao palco assim que o problema fosse resolvido, em no máximo 10 minutos. Pronto! Depois de tudo que a precária produção da HSBC Arena já havia feito, ainda conseguiram se superar colocando uma barricada frágil, que obviamente não suportaria a pressão dos fanáticos fãs do Iron Maiden, que certamente queriam ficar bem perto do palco. Claro que não havia a mínima condição de se resolver o problema naquela noite, a não ser que esvaziassem a pista e trouxessem outra barricada, mais forte. Depois de quase meia hora de espera, onde um dos managers da banda tentou convencer o pessoal da pista a se afastar do palco para tentarem consertar a barricada quebrada, eis que surge o preocupado Bruce Dickinson diante de seus aflitos fãs para anunciar o adiamento do show, que só poderia ser realizado na noite seguinte. Apesar da chuva de vaias, que já vinha rolando desde o retorno da banda ao backstage, não teve jeito. O show ficou para a segunda-feira, dia 28, no mesmo horário.

Na saída havia um enorme ar de revolta, com pessoas socando e chutando portas da Arena, outras ameaçando processar o lugar e claro, também havia pessoas chorando já que não poderiam retornar no dia seguinte. Bem, meu irmão e eu saímos quietos, desapontados, mas com a certeza de que voltaríamos no dia seguinte para ver a maior banda de Heavy Metal da história. E vimos!

Continua...

2° dia – Iron Maiden ao vivo, e com show completo!

Iron Maiden

(HSBC Arena, Barra, RJ, 28/03/11)

Por: Mick Michael

2° dia – Iron Maiden ao vivo, e com show completo!

Já ouvi uma frase que dizia: “a força dos fãs quebram barreiras”. E não é que essa frase é pura verdade? E foi graças à quebra da barreira que separa o palco do público que deixamos de assistir ao show do Iron no domingo. Remarcado para o dia seguinte, voltamos a Arena HSBC numa plena segunda-feira para finalmente conferirmos um dos shows mais esperados deste ano. Desde a chegada ao local, por volta das 16:00, já havíamos percebido que aquela noite seria diferente da anterior. Pelo menos acreditávamos que os organizadores do evento não iriam cometer os mesmos erros de domingo, e para a felicidade geral, não vacilaram de novo. Devido ao show ser realizado num dia de semana, muitas pessoas que trabalham ou estudam, só compareceram ao local à noite, e com isso, não encontramos aquela fila enorme que se formou no domingo muitas horas antes da apresentação da Donzela. O público já presente também não demonstrava toda a animação do dia anterior, se comportando de forma muito mais contida. Certamente pela frustração da ultima noite, que acabou causando um grande ar de incerteza diante da possibilidade da Arena não suportar o evento novamente.

Desta vez os portões se abriram às 17:00, causando uma impressão muito boa para os fãs já presentes. Sem correria, truculência dos seguranças e com as informações necessárias já passadas com antecedência, a entrada na Arena foi muito mais tranqüila. Às 18:30, boa parte do pessoal já estava presente e bem acomodada na área destinada ao show. Claro que infelizmente acabou havendo uma queda de público, mas foi algo discreto, em torno de uns 15% no máximo. Desta vez o grande pecado, não só dos organizadores, mas também do Iron, foi realmente iniciar a apresentação no mesmíssimo horário da noite anterior, às 21:15! Bem que poderiam ter aliviado a barra e a ansiedade dos fãs antes, já que às 20:30 o lugar estava completamente cheio.

Então vamos ao show, agora com uma grade de contenção muito mais potente, afinal, gostamos daquela frase que citei lá em cima, mas só em seu contexto literal. Não queríamos que a “força dos fãs quebrasse barreiras” desta vez. Da mesma forma que a festa se iniciou na noite anterior, ouvimos a canção Doctor, Doctor do UFO saindo das caixas de som, dando a partida para a iniciação da apresentação. Vale lembrar que nesta segunda noite não houve banda de abertura. Os fãs, ainda desconfiados, logo se animaram e ao fim da canção, e já com todas as luzes do lugar apagadas, cai a lona preta que cobria o palco e se inicia a introdução Satellite 15... Parecia que estávamos tendo uma espécie de Deja vu, já que todo esse inicio lembrou a ultima noite. Essa intro, que já é enjoada de primeira, se tornou ainda mais chata na segunda vez. Ela é bem realizada, como descrevi no texto do primeiro dia, mas a ansiedade em ver logo a banda no palco tornam seus quase 5 minutos de duração uma eternidade! Aos gritos de “Maiden, Maiden!” Bruce Dickinson aparece no palco segurando o pedestal, sendo acompanhado em seguida pelos outros integrantes que iniciam a música The Final Frontier logo ao fim da introdução. Pronto, a galera foi à loucura! Com uma pegada totalmente Hard e um refrão grudento, The Final Frontier foi muito bem recebida pela galera. Desta vez a grade suportou a pressão dos fãs extasiados, que acompanharam a nova canção com grande admiração. Em seguida emendam outra nova, El Dorado, que também agradou, mas não tanto quanto a primeira. Como citei na outra resenha, o palco trazia uma espécie de cenário espacial misturado com um velho planeta, decorado com caixas que simulavam contêines e composto por uma passarela atrás da bateria do Nicko, por onde Bruce passava para ir de um lado do palco para o outro. Alem disso tudo, ainda havia um detalhe importantíssimo, que praticamente anunciava cada canção: um fundo de pano enorme com uma imagem referente a música executada.

Depois de duas canções novas, era hora de um clássico para esquentar de vez o pessoal, e a escolhida foi 2 minutes to Midnight! Foi quando realmente nos sentimos num show do Iron Maiden, com o querido Eddie estampando o pano de fundo e toda a Arena cantando a música diante de uma banda mais solta e energética do que nas outras duas primeiras. Ouvi muita gente ao meu redor dizendo “agora sim!”. Só então Bruce parou para cumprimentar o público e agradecer a todos os presentes pela volta à Arena depois da conturbada noite de domingo. Sempre simpático, mandou um recado irônico que ganhou de vez os fãs: “Como podem ver, temos uma grade nova. Não foram vocês, nem nós que a compramos, foi um filho da mãe desgraçado que a comprou, portanto, curtam o show. Vamos agitar Rio!” Sabias palavras. Ao fim do empolgado discurso, o grupo mandou mais duas do ultimo álbum, The Talisman, que não agradou tanto, e Coming Home, certamente uma das melhores deste novo registro, e que ganhou uma dose extra de energia ao vivo. A próxima foi outra da safra recente, mas que já ganhou status de clássico, Dance of Death, do álbum de mesmo nome, lançado em 2003. Nesta música, Bruce cantou iluminado por uma luz vermelha, enquanto todo o palco também ganhava uma iluminação no mesmo tom. Indo de uma canção composta em 2003 para outra gravada 20 anos antes, era hora de a banda tocar um de seus maiores hinos, The Trooper! Com o lugar quase vindo a baixo devido à euforia dos fãs, esse grande clássico foi executado de forma emocionante pela banda. Até Dave Murray e Adrian Smith, que se mostravam contidos desde o inicio, agitaram bastante. Com Bruce vestindo a antiga farda do exercito inglês, ao mesmo tempo em que tremulava a tradicional bandeira britânica, Steve Harris se movimentando intensamente e balançando a cabeleira sem parar, Nicko Mcbrian dando seu show à parte na bateria, e Janick Gers abusando de sua louca performance, com muitas poses e caretas, toda o conjunto se comportou de maneira especial durante essa música. The Wicker Man veio na seqüência, mantendo o alto nível de adrenalina entre os fanáticos fãs. Em seguida, Bruce voltou a falar com o público. Agora, além de agradecer aos aplausos, também citou os recentes acontecimentos no Japão, que sofreu um terrível terremoto, seguido por um tsunami que devastou o país. Bruce ainda lembrou aos fãs brasileiros: “Vocês tem sorte de morar num lugar que não há esse tipo de tragédia”. Dedicada aos fãs japoneses, Blood Brothers foi responsável por um dos momentos mais bonitos da noite. Com uma bela interação entre a banda e o público, presenciamos um momento único, com todo o lugar cantando o belo refrão da música e acompanhando a melodia em coro. Ao mesmo tempo em que o Iron tocava, três armações com holofotes desciam do teto, dando a impressão de estarmos diante de naves espaciais. Incrível!


Com um fundo de pano que mostrava uma cidade devastada por algum tipo de explosão nuclear, When the Wind Blows veio em seguida e acabou dando uma esfriada nos fãs. Outra do novo trabalho, ela não é ruim, mas sua longa duração e a falta de um refrão forte acabaram causando uma pequena queda no ritmo do show. Se When the Wind Blows foi cansativa, a próxima voltou a levantar o público. E como levantou! The Evil That Men Do chegou arrasando e a banda novamente teve o público em suas mãos. Em meio ao clássico, o querido Eddie apareceu no palco e causou uma gritaria geral. Agora com um visual futurista, adequado ao novo álbum e que lembra o alienígena do filme O Predador, o novo Eddie, com mais de 2 metros de altura, andou de um lado para o outro, brincou o alucinado Janick e ainda deu uma de guitarrista! Certamente a mais aguardada entre a maioria dos fãs, Fear of the Dark detonou de vez as estruturas da Arena! Quando ouvi sua introdução, cheguei a pensar: “agora a grade quebra de novo!”. Mas felizmente essa nova grade era forte mesmo. Não há como negar que a execução de Fear of the Dark é hoje em dia o grande momento num show do Iron Maiden, com todos os presentes fazendo o coro da parte instrumental, além de cantar toda a letra com Bruce Dickinson. Fechando 1ª do espetáculo, o sexteto põe mais lenha na fogueira com o hino que dá nome à banda, Iron Maiden. Mais uma vez o público foi surpreendido pelo Eddie, que desta vez apareceu muito maior. Aparecendo por de trás da bateria, este Eddie com mais de 8 metros, foi com certeza o elemento mais fascinante do show. Com sua enorme cabeça que girava para todos os lados, abrindo a boca e fechando os olhos, Eddie roubou a cena e arrancou os aplausos do público. Ao fim da música, todos os integrantes deixaram o palco sem cerimônias, com Bruce mandando apenas um “obrigado Rio”.

Alguns minutos após o fim da primeira parte do show, já estávamos diante de um novo pano de fundo, que trazia uma imagem assustadora do olhar do novo Eddie. É quando se inicia a clássica introdução de The Number of the Beast, outro hino absoluto do Iron. Além de todas a luzes vermelhas e a grande quantidade de fumaça que fizeram parte dos efeitos pirotécnicos usados na execução deste grande clássico do Heavy Metal, também fomos presenteados com a participação de um enorme boneco, meio cabra, meio diabo, instalado sobre o lado direito da bateria. Talvez ela nunca tenha soado tão demoníaca como soou nesta noite! Hallowed Be Thy Name veio em seguido para detonar de vez as gargantas dos fãs apaixonados, que acompanharam a letra com muita emoção. Sem mais, emendam com a última do set, Running Free, uma das mais queridas entre os fãs antigos, lançada no 1° álbum da banda, em 1980. Durante sua execução, Bruce apresentou todos os integrantes da banda, além de fazer uma brincadeira com o refrão, no estilo “eu canto e vocês completam”. Com o fim da apresentação, Bruce jogou sua touca suada para a platéia, enquanto os guitarristas jogaram suas palhetas (Janick até ameaçou jogar a guitarra, mas foi apenas uma boa pegadinha com fãs), e Nicko arremessou as baquetas e algumas peles dos tons da bateria. E assim o sexteto deixou o palco agradecendo aos aplausos e gritos dos fãs. Com as luzes se mantiveram apagadas, rolou uma sensação de que a banda voltaria ao palco para fazer uma espécie de surpresa, talvez querendo compensar o ocorrido no domingo. A platéia até iniciou um coro pedindo o hit Run to the Hills, mas as esperanças foram por água a baixo com o acender das luzes e o inicio da música Always look on the bright side of life, do Monty Phynton.

Com quase duas horas de show, o Iron Maiden já havia provado por que é tão querido e aclamado aqui no Brasil. Mais uma atuação perfeita, que ficará tão marcada quanto às outras passagens da banda pelas nossas terras. O sexteto se mostrou extremamente técnico e profissional durante a execução de todas as músicas, não dando espaços para improvisações ou solos pessoais, coisas até naturais em apresentações de outros grupos. Bruce continua cantando muito e com gás de sobra para se movimentar durante todo o show, assim como o grande líder da banda, Steve Harris, que mesmo sustentando um pesado contrabaixo também demonstrou pique para agüentar a correria até o fim. A dupla de guitarristas Adrian Smith e Dave Murray mostrou a mesma destreza e habilidade de sempre, alternando solos, riffs e bases com muita técnica. Adrian com uma boa pinta de rockstar participou diversas vezes dos backing vocals, e pareceu mais a vontade que o companheiro Dave, que só se mostrava mais descontraído quando o louco Janick estava ao seu lado. Falando em Janick, ele quase roubou a cena, isso se não roubou mesmo. Muito performático, o terceiro guitarrista da banda não chega a ser tão necessário para a execução dos solos e bases, mas sua presença no palco é muito importante para mostrar aquela imagem dos velhos guitar heros, que faziam várias acrobacias e poses com suas guitarras antigamente. O monstro chamado Nicko Mcbrian dispensa comentários. Este é certamente um dos maiores bateristas que já vimos e mais uma vez deu uma aula de técnica e simpatia.

Depois de tudo o que passamos no domingo, deixamos a controversa Arena HSBC com a sensação de dever cumprido, e felizes por termos assistido a um dos melhores shows de Heavy Metal da atualidade, protagonizado por uma banda que já está na estrada a mais de 30 anos, e que ainda consegue ser superior a milhares de outras bandas surgidas depois. Bem, o nosso “Rock in Rio” foi este show!